A Blizzcon desse ano estava repleta de novidades que deixaram os jogadores eufóricos: Warcraft III Reforged, nova personagem em Overwatch, Zeratul como general em StarCraft II, dentre outras. Porém uma delas causou uma reação péssima.
Diablo Immortal.
Um pouco de contexto, para quem está perdido:
Diablo é uma franquia que está no mercado já tem décadas, é um nome importante dos jogos e seus fãs cresceram jogando a saga. Todos os jogos da Blizzard são para PC/Console (Hearthstone tem para celular, mas por ser um Card Game essa adaptação ocorre sem perder praticamente nada, tanto que é a mesma conta e licença). Os jogadores vem pedindo mais atenção e conteúdo para Diablo, pois entre Diablo II e III foram mais de 10 anos de espera, para o produto chegar cheio de problemas e quantidade de conteúdo limitada, levando mais anos para lançar uma expansão que diminuí, porém não resolve os problemas que o jogo tem, como pouca variedade de builds viáveis.
Aparentemente um jogo mobile genérico de ação e fantasia travestido como um jogo de uma das franquias mais amadas da Blizzard foi que ganharam. Os fãs de Diablo estão há anos esperando algo que chegasse à altura de Diablo II, e com o anúncio que a Blizzard fez (dizendo que tinham vários projetos em andamento para a franquia) os fãs estavam em polvorosos. Esperavam um Diablo II remasterizado, ou uma expansão com muito conteúdo novo para Diablo III, quem sabe até o anúncio de Diablo IV. Lamentavelmente eram esperanças falsas. O que está acontecendo é o crescente mercado na China que começou a consumir mais produtos da Blizzard, só que tem um porém: Chineses gastam muito mais dinheiro em jogos mobile. Esse mercado por lá é extremamente lucrativo, tanto que a Blizzard está tentando criar sua raíz, mas cometeram um erro grave. Ao invés de mutilar uma franquia amada que já estava meio mal das pernas e confeccionar o caixão, poderiam ter criado algo novo específico para mobile. Algo com sua própria identidade e história, algo que fosse realmente NOVO.
A Blizzard é uma empresa que montou sua fama por fazer jogos que sempre que lançavam, eram uma referencia e entravam no Hall da Fama, porém essa era dourada já acabou. Eles tinham uma chance de mostrar que podiam fazer algo novo de novo, mas preferiram pegar um jogo praticamente pronto (que foi desenvolvido por outra empresa) e estampar com Diablo.
Existem jornalistas e criadores de conteúdo falando que os jogadores são um bando de bebes chorões que só sabem reclamar. Não é bem assim. A Blizzard criou um hype muito forte e deixou os fãs especulando tudo que foi citado acima. Jogadores de PC (que são a maior parte da playerbase da empresa) mais hardcore em geral abominam mobile por dois fatores principais:
1- Casualidade: Jogos mobile geralmente são mais fáceis de aprender e dominar, não exercem um desafio tão grande ou imersivo quanto um jogo de PC propõe.
2- Microtransações: Maioria dos jogos mobile possuem um sistema parecido, onde o jogador pode gastar dinheiro para conseguir itens muito fortes muito rápido. Dão a possibilidade de farmar o conteúdo, sim, porém é um farm ostensivo e muito demorado. Microtransações em jogos mobile geralmente dão vantagens imediatas aos jogadores que gastam dinheiro no jogo, e não valorizam muito habilidade ou tempo investido.
Uma empresa precisa conhecer seus clientes fixos, e a Blizzard nitidamente está sem contato. O problema de Diablo Immortal não foi só o jogo em si, se tivessem anunciado algum lançamento para PC e em seguida o Mobile como adicional, os jogadores teriam aceitado tranquilamente, o problema foi o Mobile SER o grande anúncio para Diablo.
A imagem que passa é que a empresa simplesmente abandonou seus estandartes de qualidade e dignidade e se rendeu à ganancia e métodos imediatistas para conseguir dinheiro de qualquer forma. Está arruinando a própria reputação desde que foi comprada pela Activision.
Os fóruns de Diablo, seções de comentários e locais de discussão em geral estão um completo caos. Foi uma das vezes que os jogadores mais se uniram com mais força por uma causa: Dar hate em Diablo Immortal.
A situação ficou tão severa e o backlash tão grande que a Blizzard simplesmente perdeu as estribeiras. Não conhecida por sua humildade e simplicidade, não deveria ser novidade para ninguém que a empresa não levou as críticas muito bem.
97% de dislikes é uma proporção…Dolorosa.
Mas essa nem é a pior parte.
A pior parte é que diversos usuários reclamaram de tópicos no fórum, comentários em vídeos e dislikes sendo deletados. Fomos atrás para saber o tamanho do B.O. e realmente, parece uma piada.
SocialBlade.com é um site que faz análises em números de vídeos e redes sociais.
Na imagem acima, 908 mil pessoas deram uma rate para o vídeo (like ou dislike). No vídeo de trailer constam 25 mil likes e 662 mil dislikes. Se somar os dois, dá 687 mil rates…oh…
Não sou nenhum doutor em engenharia, mas faltam 221 mil rates.
Não faria sentido deletar likes, então assumimos que a Blizzard deletou esse tanto de dislikes para ajudar as ratings, o que não ajudou muito pois a seção de comentários se tornou um pandemônio generalizado com usuários fazendo spam de mensagens.
BUT WAIT, THERE’S MORE!
Esse tipo de acontecimento não passa em branco no mercado. O impacto dessa BlizzCon foi tão forte que as ações da Blizzard DESPENCARAM.
Falo três idiomas e em nenhum deles tem uma palavra que defina o tamanho do desastre que foi esse anúncio. Em contrapartida a língua alemã, como sempre, não desaponta:
Durcheinander.
Além de Diablo Immortal, pode checar aqui os outros lançamentos da Blizzcon!
Quer mais podres de empresas? Aqui estão alguns esqueletos no armário da TellTale Games.